quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mountain Do Campos do Jordão - Acima de Tudo

Texto, fotos e vídeos de Marcos Viana "Pinguim"

No dia 11 de setembro, aconteceu a primeira largada do Mountain Do dentro do estado de São Paulo, na bela cidade de Campos do Jordão que é considerada uma estância turística e climática, sendo a primeira vez que a grande e eficiente estrutura do Mountain Do foi montada fora do estado de Santa Catarina, onde surgiu em 2004 com o clássico Mountain Do Lagoa da Conceição, realizando assim o sonho do organizador Kiko de levar o Mountain Do para próximo dos corredores paulistas, lembrei da conhecida frase: "Se Maomé não vai à Montanha, a Montanha vai a Maomé" então... "Se os Paulistas não vão ao Mountain Do, o Mountain Do vem para São Paulo".

Mountain Do - Circuito de charme

O "Mountain Do - Circuito de charme" difere do Mountain Do de Florianópolis por ser um circuito de corridas individuais, Campos de Jordão foi a segunda localidade a receber esse evento, a primeira foi a Praia do Rosa também no litoral catarinense, em ambas localidades o evento teve dois percursos, um de 9 km e outro de 18 km, ambos os percursos tinham uma grande variação altimétrica, com trechos em asfalto, estradas de terra batida e estreitas trilhas no meio da natureza onde se podia observar as mais belas paisagens locais, os tempos limite para conclusão de cada distância foi de 1h30 para os 9 km e de 2h30 para os 18 km.


Largada
A largada ocorreu numa tarde ensolarada de sábado, às 15h30 no badalado "centrinho do Capivari" local que concentra várias construções inspiradas na arquitetura germânica.


... fiz este vídeo para mostrar o exato momento da largada, a narração é de Marquinhos Cezário conhecido pelo bordão "Maquininha, Maquininha" , estavam reunidos no momento cerca de 500 corredores...

... entre eles o blogueiro-maratonista Joel Leitão (nº105), que fez sua estreia em corridas de trilha.


Começamos a correr em linha reta, mas foi por pouco tempo...
...logo apareceu a primeira ladeira, uma das mais compridas que já enfrentei, pela expressão dos corredores dessa foto deu para perceber que não foi fácil para ninguém...

...principalmente para a ultramaratonista Tomiko e eu, ambos com a musculatura cançada e em processo de recuperação devido às participações de ultramaratonas desgastantes a apenas 13 dias atrás, onde ela chegou a correr precisamente 123,204 km numa prova de 24 horas e eu tinha participado de uma ultra-trilheira de 50 km na Serra do Japi.

Tinha até "Trenzinho" para alegrar os atletas, mas a ladeira não era de brincadeira não, risos.

Finalmente chegamos no tão esperado trecho de terra batida, onde fomos recepcionados pela população local.

Este é meu tipo de piso preferido em corrida, pois nele se desenvolve a propriocepção, nesse tipo de piso irregular são requisitados a movimentação de uma quantidade maior de músculos, observando os detalhes do chão dessa foto da para entender o motivo, este piso inclusive é muitíssimo parecido com o que predomina no Cemitério de Vila Formosa, meu local preferido para treinos de trilha em alta velocidade na cidade de São Paulo.

Nesse ponto passamos por uma autêntica trilha, onde só é possível passar uma corredor de cada vez formando filas indianas.

Aqui vemos o médico Irineu Sato e a fisioterapeuta Márcia Shiraishi que correm juntos há mais de sete anos.

Uma da paradisiacas visões da prova, onde podemos rever a ultramaratonista Tomiko...

...e o blogueiro-maratonista Fabio Namiuti, ele também é formado na área de computação como eu.

Nesta foto vemos o estreante em corridas de trilhas Joel Leitão na frente do experiente trilheiro Fabio Namiuti, desse ponto para frente resolvi dar uma "acelerada" e consegui alcançar dezenas de corredores...

... entre eles estavam a ultramaratonista Ana Levada...

...e outros tantos que não conhecia...

... até alcançar novamente a fisioterapeuta Márcia Shiraishi, esta foi minha última foto antes de levar uma tombo bem feio, pois "no meio do caminho tinha uma pedra", aliás várias pedras, e uma delas que estava discretamente enterrada foi minha algoz, eu que nesse momento estava correndo num ritmo abaixo de 5 minutos por km, tropiquei e meu corpo foi jogado para frente, cai quase de peixinho, só que não tinha água, risos, para salvar a câmera levantei meu braço direito e quem levou a maior parte do impacto foi minha mão esquerda, para piorar a situação devido ao forte impacto da ponta do pé esquerdo com a pedra tive no exato momento uma forte cãimbra na panturrilha esquerda, devo agradecer a Márcia Shiraishi e outros corredores que pararam para me ajudar, no começo não conseguia nem caminhar, mas como meu corpo estava quente resolvi continuar até o fim.

Esta é minha primeira foto depois desse "acidente de trabalho"...

... e esta foi minha segunda foto depois de tropicar...

... pois a vida continua, e as ladeiras também, risos...

...pois, como dizia o velho deitado, "depois da tropicada vem a bonança", risos...

... e mais corredores para fotografar.

Na situação que eu estava preferia enfrentar mais subidas do que esta descida, pois de jeito nenhum poderia cair novamente nesse dia, aqui eu desci bem "pianinho".

Veja a mesma descida vista de baixo para cima.

E ai esta eu no momento da chegada.

Fotografei o Fabio Namiuti chegando com seu filho, curtir esse importante momento "não tem preço".

Campeão geral masculino - 18 km - José Virginio de Morais - 1h08m45s

Campeão geral feminino - 18 km - Fernanda Soares - 1h25m15s

Campeão geral masculino - 9 km - Willian Lopes - 34m25s

Campeão geral feminino - 9 km - Márcia Rosa Zacarias - 46m02s

Apesar desse Mountain Do não atingir nem a metade de uma maratona ele é um grande desafio até para os maratonistas e ultramaratonistas mais experientes, confesso que a participação nessa prova e a experiência que tive ao cair durante o percurso me fez refletir, pois estava pegando a péssima mania que a maioria dos ultramaratonistas novatos adquire, que é a de não encarar com seriedade provas menores que a maratona, isso estava bem explícito na formação da minha tabela onde só incluia os meus tempos de maratonas e de ultramaratonas, depois dessa tenho como obrigação formar uma tabela com as corridas de todas as distâncias como fazia quando começei na minha carreira de atleta, pois antes de ser ultramaratonista ou maratonista eu sou um corredor, quero parabenizar aqui todas as corridas e todos os corredores desse nosso mundão.

Abraços!

Ligações externas

Fotos do Mountain Do Campos do Jordão
Site oficial do Mountain Do
Artigo sobre Campos do Jordão
Minha entrevista para Rede Glogo
Minha entrevista para ESPN Brasil
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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Green Race 50 km - A Corrida Fora do Asfalto

Texto, fotos e vídeos de Marcos Viana "Pinguim"

Neste ano de 2010, exatamente entre os dias 02 de maio e 29 de agosto, um periodo de quase 4 meses, corri "fotografando" 5 maratonas e 2 ultramaratonas, acumulando em toda minha vida 27 maratonas e 4 ultramaratonas, já corri a maratona mais molhada e escorregadia que foi a K42 de Bombinhas desse ano, a mais fria que foi o Desafrio de 52km em Urubici, a mais quente com alta umidade que foi a Maratona de Foz de Iguaçu de 2009, e agora a ultramaratona que teve o ar mais seco, cof, cof, cof, que foi os 50km da Green Race em Jundiaí, na Serra do Japi.

O Green Race

O Green Race é uma corrida organizada para os atletas de todos os níveis de condicionamento que gostam de correr em estradas de terra batida no meio da natureza e longe da poluição dos grandes centros urbanos, todos podem escolher correr os 5, 10 ou 50km solo ou em equipes, masculinas, femininas ou mistas, formadas por 4 atletas, neste último caso o atleta de cada equipe que corre o primeiro trecho também tem que correr o último, o segundo, terceiro e quarto atleta só corre um trecho cada um, todos os trechos tem 10 km totalizando os 50 km.

Serra do Japi

A serra do Japi com seus 354 quilômetros quadrados de área, cujo ponto culminante atinge 1.250 metros de altitude, localiza-se na divisa dos municípios paulistas de Jundiaí, Pirapora do Bom Jesus, Cajamar e Cabreúva, e apresenta um grande número de espécies animais e vegetais, a região é um raro remanescente da Mata Atlântica no interior do estado de São Paulo, apesar de ser Tombada pelo CONDEPHAAT, sua área verde sofre com as inúmeras invasões, principalmente feitas por grandes empresas do ramo imobiliário que através do seu poder econômico quase sempre conseguem "diblar" e até "modificar" as leis de proteção do meio ambiente, a "cobiça" pelo loteamente das áreas protegidas é grande pois a serra se localiza exatamente no meio do super urbanizado eixo São Paulo-Campinas considerada a primeira macrometrópole do hemisfério sul, muito próximo das congestionadas rodovias Anhaguera e Bandeirantes, para agravar mais a situação quase não existem movimentos de defesa na região, por ironia a maioria das reportagens sobre meio ambiente impressas nas grandes revistas e jornais de São Paulo e Campinas abordam muito sobre a defesa da Amazônia e do Pantanal mas infelizmente a grande maioria dos jornalistas ignoram ou esquecem totalmente a importância de salvar as florestas da sua própria região, isso me faz lembrar a célebre e sábia frase do pensador russo Liev Tolstoi que disse "Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia", no caso a palavra "aldeia" esta sendo usada no sentido figurativo e significa exatamente a região onde vivemos.

O desafio

Todo o percurso desse "desafio" foi feito na Serra do Japi, em estradas de terra batida com muitas subidas e descidas, no melhor estilo "Montanha Russa", era um tal de sobe e desce que não acabava mais, do início ao fim, normalmente a qualidade do ar é muito boa graças a vegetação "que ainda resta", mas devido ao longo periodo de estiagem na região com mais de 40 dias sem chuvas, o ar e a terra das estradas estavam super secas, e todos os corredores comiam literalmente poeira pelo caminho, além da super distância, da difícil topografia e do ar seco, para aumentar as dificuldades do desafio a largada foi feita as 9 horas num dia de muito sol, resolvi consultar a lista de resultados do site oficial para fazer uma contagem precisa dos números de participantes que concluiram a prova.

5 km Feminino = 49 atletas
5 km Masculino = 51 atletas
10 km Feminino = 77 atletas
10 km Masculino = 185 atletas
50 km Feminino = 6 atletas
50 km Masculino = 57 atletas
50 km Revezamento Feminino = 3 equipes
50 km Revezamento Masculino = 12 equipes
50 km Revezamento Misto = 17 equipes

Totalizando 553 atletas que concluiram suas metas, um bom número que comprova a tendência do aumento participantes nesses tipos de prova.

Pela tabela acima podemos observar que 57 "ultramaratonistas" completaram o desafio de correr sozinho os 50 km dentro do tempo limite, incluindo eu, achei um número razoavel visto que é a primeira edição, e simultaneamente estavam ocorrendo uma maratona em Bertioga e uma ultramaratona na cidade do Rio de Janeiro, fato que dispersou potenciais participantes, não fosse isso com certeza o número de corredores "solo" com capacidade de completar a prova superaria facilmente os 120 corredores.

A Largada

Antes da largada encontrei muito corredores conhecidos, resolvi colocar algumas fotos para vocês identificarem.
Esta é a equipe Find Yourself acompanhada do seu diretor técnico Luiz Fernando Bernardi, que esta de camisa branca e de pé no meio da foto.
João Barbosa da Silva o famoso maratonista que corre sempre com seus faróis de alerta, acompanhado do seu ciclista de apoio em frente da placa colocada pela prefeitura local, com o importante aviso "Macrozona de preservação ambiental" e embaixo com outro aviso "Antes de comprar ou construir consulte a Prefeitura", essa "consulta" é que preocupa os ambientalistas.
Eu e a equipe da Contra Relógio composta por Eduardo Acácio, Antonio Colucci, Yara Achôa e Cesinha.
Esta é a equipe do Sérgio Rocha (número 142), ele é editor de arte da Contra Relógio e morador de Jundiaí.


O Percurso
Em menos de 500 metros já enfretamos...

...a primera subida...

...e e a primeira descida.

Desvio a direira para os inscritos na corrida de 5km.



Tinha muitos postos de água como esse pelo caminho.

E mais uma bela descida para treinar as coxas.

Esta é a área de chegada inscritos na corrida de 10 km.

Mais uma subida forte, mas a bela paisagem do lugar compensa o esforço.

Tinha até a imagem do Cristo Redentor para abençoar os corredores...

...para enfrentar essa autêntica "pirambeira"...

Vemos aqui um pai e filho ultramaratonistas.

Muitas paisagens como esta eram dignas de serem pintadas.

Esta subida por exemplo mostra bem o a situação do solo, estava me sentindo no sertão nordestino.

Nem os praticantes de Mountain Bike conseguiam subir peladando esse trecho.

Esta é uma prova de que as corridas mais difíceis geralmente tem as paisagens mais bonitas.

Esta corredora estava correndo um trecho de 10 km, e eu estava completando 30 km, ao tentar acompanhar o ritmo dela acabei tendo uma cãibra na coxa esquerda.

Este ultramaratonista que é bombeiro juntamente com a corredora anterior por muita gentileza me acompanharam por um trecho, nesse ponto até pensei em desistir, mas eu nunca desisti e não ia ser dessa vez, o que fiz foi diminuir o ritmo para evitar novas cãibras.


Fiz este vídeo na tentativa demonstrar a quantidade de poeira neste ponto da corrida.

Infelizmente havia muitos cortes de árvores no local, nesse ponto podemos ver um dos vários depósitos de madeiras espalhados na "MacroZona de proteção ambiental".

Finalmente chego no km 30, a placa AT3 significa que é a terceira área de transição, só falta 20 km, risos, ...tô rindo pra não chorar...

Passando poucos metros do km 30 logo encaramos mais uma baita subida, só para aquecer.

Esse ai ficou todo feliz em me alcançar, fiz uma foto dele como lembrança.

Fiz também uma foto dessa ladeira para lembrar a todos candidatos a ultramaratonistas "cross country" que treinar em terrenos irregulares não é exagero é obrigação.

Andando ou correndo não paramos de subir...

...a compensação chega através uma visão privilegiada da natureza.

A assistência médica esteve presente por todo percurso, seja de ambulância ou de moto-enfermeiros.

Mais quatro ultramaratonistas que se transformaram em meus marcadores de ritmo, hora eu andava e eles corriam, hora eu corria e eles andavam, só não queria perde-los de vista e foi assim até o fim do percurso.

Finalmente cheguei no km 40, este também foi o posto do km 10, estavamos voltando pelo caminho da ida, mais uma vez parei para me hidratar bastante e molhar o meu chapéu pela sétima vez para manter a humidade perto do rosto, é incrível mas devido ao tempo muito seco, em menos de 15 minutos ele secava totalmente.

Nessa altura do campeonato as placas de kilometragem eram colocadas a cada 5 km, logo esta placa de 8 km me indica que completei os 42 km, uma maratona, lá no fundo dois dos ex-marcadores de ritmo esses vou fotografar na chegada, Ah Muleque!!!, Ah Muleque!!!, Vamos pra frente que atrás vem gente!!!

Detalhe do solo, veja como a terra e as folhas estão bem secas.

Depois de ter registrado uma imagem que representa a estiagem me deparei com uma imagem que representa o mundo das águas no seu estado natural, nesse momento pensei, deveriam mudar aquela famosa frase popular para "Depois da seca, vem a tempestade e depois da tempestade é que vem a bonança!", a única fonte de humidade natural era mantida pelos vários riachos da mata, minha vontade era de parar para nadar neles, me sentia um beduino me deparando com um oásis no meio do deserto, é pena que essa mata corre o sério risco de desaparecer.

Aqui vemos alguns dos inúmeros "jipeiros" levantando poeira e emitindo gás carbonico, cof, cof, cof, quem sabe um dia eles mudem de idéia e começam a praticar corrida cross-country ou mountain bike nesse lugar, pois é bem menos agressivo para com a natureza.

Esta é a última placa de quilometragem antes da chegada, aproveito para molhar novamente meu chapéu e me hidratar, agora só falta 5 km.

Agora só falta 1 km, esses meus amigos dentro do carro resolveram me acompanhar e fizeram o maior buzinaço, como podemos observar no próximo vídeo.





Como é de costume, sempre quando chego sozinho, fotografo o pórtico, para registrar meu tempo.

E como não podia deixar de mostrar, aqui esta uma das minhas fotos oficiais de chegada.

Ainda tive o privilégio de fotografar a chegada de uma das várias equipes formadas pela assessoria esportiva 4any1 que treina no Parque do Ibirapuera e na USP, esses três atletas estavam partipando da categoria equipe masculina.

Ligações externas

Fotos do Green Race
Site oficial do Green Race
Artigo sobre Jundiaí
Artigo sobre a Serra do Japi
Relação das 27 maratonas e 4 ultramaratonas que participei
Meus endereços para contato